blog da copa do mundo-2006

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Local: Vitória, ES, Brazil

sexta-feira, junho 09, 2006

ALEMANHA 4 x 2 COSTA RICA

Ficha técnica

Grupo A
Data-Hora: 9/6/2006, às 13h
Local: Allianz Arena, em Munique (ALE)

Árbitro: Horácio Elizondo (ARG)
Assistentes: Dario Garcia (ARG) e Rodolfo Otero (CHI)

Público: 59,916 pagantes
Gols: Lahm 6'/1ºT (1x0), Wanchope 12'/1ºT (1x1), Klose 17'/1ºT (2x1), Klose 16'/2ºT (3x1), Wanchope 27'/2ºt (3x2) e Frings 43'/2ºT (4x2)
Cartão Amarelo: Fonseca (CRC)


ALEMANHA:Lehman, Friedrich, Metzelder, Mertesacker e Lahm; Schneider (Odonkor - 44'/2ºT), Frings, Borowski (kehl - 26'/2ºT) e Schweinsteiger; Klose (Neuville - 34'/2ºT) e Podolski
Técnico: Jürgen Klinsmann

COSTA RICA: Porras, Umaña, Marín e Sequeira; Martinez (Drummond - 22'/2ºT), Gonzáles, Solís (Bolaños - 33'/2ºT), Fonseca e Centeno; Ronald Gómez (Azofeifa - 45'/2ºT) e Paulo Wanchope
Técnico: Alexandre Guimarães

O jogo começou com um massacre alemão. A Costa Rica não conseguia sair jogando, seja pela incompetência de seus jogadores, seja pela forte marcação alemã. E tal fator implicou, em cinco minutos, em dois bons chutes de fora da área por parte da Alemanha, tendo um deles logrado êxito. Isto, pois, após drible desconcertante pelo lado esquerdo, o lateral Lahm centralizou e bateu no ângulo esquerdo do goleiro Porras que nada pode fazer: indenfensável.

Após o gol, o jogo mantinha-se na mesma perspectiva: Alemanha atacando e Costa Rica se defendendo. No entanto, em que pese o panorama do jogo, a Costa Rica surpreende em contra ataque que confundiu a péssima linha de impedimento feita pela zaga da Alemanha - em especifico o lateral direito Friedrich -, Wanchope fica cara-a-cara com o goleiro Lehman e faz o gol de empate: 1x1.

Com o gol de empate, a Alemanha deixa de pressionar com a mesma intensidade que estava, mas aos 17 minutos, em bola que parecia perdida pela direita, o capitão Schneider toca para trás para Schweinsteiger, que bate cruzado para o desvio de Klose para o fundo das redes.

Com a vantagem, a Alemanha manteve a maior posse de bola até o fim do primeiro tempo, valendo-se apenas de chutes de fora da área, principalmente com Podolski e Schweinsteiger, mas sem maiores preocupações para a meta costa riquenha.

No segundo tempo, nada muda e, mais uma vez, pelo forte lado esquerdo da seleção alemã, com Lahm e Schweinsteiger, cruzamento na área para Klose cabecear. O goleiro espalma, mas o próprio Klose aproveita o rebote e amplia: 3x1.

Com a vitória praticamente garantida, a Alemanha passa a jogar de forma mais cautelosa. Um erro alemão, já que a Wanchope, aproveitando-se de mais um erro da linha de impedimento, marca seu segundo gol: 3x2.

Contudo, mesmo com o susto, aos 43 minutos, num chute "espírita", Frings marcou um golaço e "fechou o caixão": 4x2.

Fim de jogo, a Alemanha conquista importane vitória sobre uma equipe extremamente limitada. Mas esta vitória pode ser importante para incentivar a desacreditada equipe alemã, bem como sua torcida - o que pode ser muito importante para o futuro da competição. Nota 7 para a Alemanha, ante sua cautela frente ao fraco adversário e erros absurdos em sua defesa. Nota 4 para Costa Rica, por sua evidente limitação técnica, contando apenas com esporádicos lances individuais de Wanchope. O destaque do jogo foi Schweinsteiger que deu opções no meio de campo ao time alemão, além de cair muito bem pelo lado esquerdo do ataque, ao lado do lateral Lahm.

quarta-feira, junho 07, 2006


ARÁBIA SAUDITA

Equipe fraca. Demonstrou isso nos amistosos preparatórios. Só chegou ao mundial graças à ausência de dificuldades das eliminatórias asiáticas e a fartura de vagas para alguns continentes sem expressão no futebol, como é o caso.

O técnico Marcos Paquetá contará com os seguintes jogadores para a copa:

Goleiros: Mohammad al-Deayea (Al-Hilal), Mabrouk Zayed (Al-Ittihad) e Mohammad Khouja (Al-Shabab).

Defensores: Ahmad al-Doukhi (Al-Ittihad), Redha Takar (Al-Ittihad), Hamad al-Montashari (Al-Ittihad), Ahmad al-Bahri (Al-Ittifak), Mohammad Masaad (Al-Ahli), Nayef al-Kadhi (Al-Ahli), Hussein Abdul Ghani (Al-Ahli) e Abdul Aziz al-Khathran (Al-Hilal).

Meias: Saoud Kariri (Al-Ittihad), Mohammad Nour (Al-Ittihad), Mohammad Amin (Al-Ittihad), Khaled Aziz (Al-Hilal), Omar al-Ghamdi (Al-Hilal), Nawaf al-Temyat (Al-Hilal) e Mohammad al-Shalhoub (Al-Hilal).

Atacantes: Sami al-Jaber (Al-Hilal), Yasser al-Qahtani (Al-Hilal), Mohammad al-Anbar (Al-Hilal), Saad al-Harthi (Al-Nasr) e Malek Maath (Al-Ahli).


O time base deve ser: Mohammad al-Deayea; Al Montashari, Al Qadi, Al Sharani e Al Shlhoub; Falatah, Khathran, Noor e Al Temyat (Khariri); Al Jaber e Al Anbar

O destaque da equipe é Sami Al-Jaber, maior artilheiro da história da seleção saudita e segundo jogador que mais vezes vestiu a camisa de seu país (43 gols em 157 jogos oficiais até maio de 2006). Al-Jaber é uma lenda viva do futebol asiático. Aos 15 anos de idade, ele já era disputado pela maioria dos principais clubes da Arábia Saudita.

A equipe, como um todo, é muito fraca a ponto de uma vitória na copa do mundo já ser motivo para comemoração.


ESPANHA

A história da Espanha nas Copas é marcada por decepções, polêmicas, azar e episódios de falta de habilidade que levaram a maior parte dos torcedores ao desespero. Os fãs, a imprensa, os técnicos e até mesmo os jogadores falam sobre a maldição das quartas-de-final, fase em que o time foi eliminado em três das últimas cinco Copas. "Parece que sempre acontece alguma coisa conosco", disse recentemente o goleiro da seleção, Iker Casillas. "Ou o time não joga bem, ou as decisões dos árbitros são contra nós."

A fim de reverter esta "urucubaca", a Espanha tem o seguinte plantel em 2006:

Goleiros: Iker Casillas (Real Madrid), Pepe Reina (Liverpool) e Santiago Cañizares (Valencia).

Defensores: Antonio López (Atlético de Madrid), Pablo Ibáñez (Atlético de Madrid), Puyol (Barcelona), Juanito (Betis), Mariano Pernía (Getafe), Michel Salgado (Real Madrid), Sergio Ramos (Real Madrid) e Carlos Marchena (Valencia).

Meias: Cesc Fabregas (Arsenal), Reyes (Arsenal), Iniesta (Barcelona), Xavi (Barcelona), Joaquin (Betis), Luis Garcia (Liverpool), Xabi Alonso (Liverpool), Albelda (Valencia) e Marcos Senna (Villarreal).

Atacantes: Fernando Torres (Atlético de Madrid), Raúl (Real Madrid) e David Villa (Valencia).

A equipe base é: Casillas; Salgado, Marchena, Puyol e Antonio López; Abelda, Xabi Alonso, Xavi e Luis García; Raúl e Fernando Torres.

Os destaques são Raúl, Casillas, Luís García e Fernando Torres.

Raúl é o maior artilheiro da história da seleção da Espanha - 42 gols marcados em 92 jogos -, sendo uma lenda viva do futebol de seu país. Pelo Real Madrid, único clube que defendeu durante toda a carreira profissional, conquistou todos os títulos possíveis e imortalizou a camisa 7. No entanto, o atacante espanhol recupera-se de contusão e não deve apresentar seu melhor futebol na Alemanha.

Casillas é apontado como um dos melhores goleiros da atualidade. Sai bem do gol, perfeito embaixo do gol, além de transmitir muita segurança ao seu time e demonstrar liderança. Enfim, com relação a goleiro, a Espanha não tem com o que se preocupar.


Já Luís García é tido como o herói da classificação espanhola para a Copa do Mundo de 2006 - marcou três gols na vitória por 5 a 1 sobre a Eslováquia na primeira partida da repescagem das eliminatórias européias -, sendo um dos meias ofensivos preferidos do técnico Luis Aragonés. Habilidoso com a bola nos pés, ele chuta bem com as duas pernas, o que o torna um jogador perigoso atuando tanto pelas pontas do campo como no serviço aos atacantes. Apesar da baixa estatura, tem boa impulsão e sabe fazer gols de cabeça. Na seleção espanhola, Luis García é escalado mais recuado, jogando ao lado do companheiro de clube Xabi Alonso, tendo como função primordial armar as jogadas para as conclusões de Fernando Torres e Raúl.

Por fim, Fernando Torres foi o principal artilheiro da Espanha nas eliminatórias para o Mundial da Alemanha, anotando sete gols, entre eles os dois da vitória sobre a Bélgica em Bruxelas. Aos 22 anos de idade, ele já soma 27 partidas e 10 gols pela seleção. Por essas e outras, é a maior esperança do país de gols e vitórias na Copa do Mundo. Bom nas jogadas aéreas, capaz de chutar bem com ambas as pernas e forte fisicamente, Torres rapidamente se tornou um dos jovens mais cobiçados da Europa.

Analisando a equipe espanhola, vê-se que o elenco é bom, mas nada excepcional. Ademais, pesa em desfavor da Espanha o fato de que Luis García não mostra na seleção o futebol do Liverpool e Raúl não vive boa fase, recuperando-se, inclusive, de contusão. No entanto, se eles jogarem bem na Copa, a Espanha vai bem na copa.

A Fúria, como é chamada a seleção espanhola, segundo meu entendimento, deve ficar, mais uma vez, nas quartas de final. Isto, pois deve passar em primeiro de seu grupo, enfrentando o segundo lugar do grupo "g". Em seguida deve enfrentar Itália, República Tcheca ou Brasil, quando deve ser eliminada. Se passar em segundo de seu grupo, de imediato, enfrenta a França nas oitavas de final, não devendo ter mais sorte.

terça-feira, junho 06, 2006


TOGO

A Miss Copa é togolesa. Provavelmente esta deve ser a única conquista de Togo em solo alemão. Isto, pois esta seleção estreante em copas do mundo já surpreendeu ao se classificar para a copa. Nas eliminatórias africanas para a Copa do Mundo, deixou para trás Senegal, Zâmbia e Mali, com 7 vitórias, 2 empates e 1 derrota (20 gols pró e 8 contra). A campanha vitoriosa foi comandada pelo técnico nigeriano Stephen Keshi, que assumiu a equipe em abril de 2004.

Depois de viver um conto de fadas nas eliminatórias, a seleção de Togo vive a ameaça de ser o pior time da história a disputar uma Copa do Mundo, tendo em vista a horrível campanha na Copa das Nações Africanas, quando a falta de qualidade da equipe ficou evidente, o que levou à demissão do técnico nigeriano Stephen Keshi e a contratação do experiente alemão Otto Pfister para montar o time para a Copa. A sombra da última exibição africana numa Copa na Alemanha --quando o Zaire perdeu por 9 x 0 para a Iugoslávia em 1974-- parece improvável, mas Togo também precisará de um milagre enorme para avançar à segunda fase.

Os convocados para a copa são:

Goleiros: Kossi Agassa (Metz/FRA), Nimini Tchagnirou (Djoliba) e Kodjovi Dodji Obilalé (Etoile Filante).

Defensores: Yaovi Dosseh Abalo (Apoel FC/Chypre), Daré Nibombé (Mons/BEL), Ludovic Assémoassa(Clermont/FRA), Karim Guédé (Hambourg/ALE), Touré Assimiou (Bayer Leverkusen/ALE), Richmond Forson (Poiré/FRA), Kuami Agboh (Beveren/BEL), Eric Akoto (Admira Walker/AUT) e Afo Erassa(Clermont/FRA).

Meias: Kaka Aziawonou (Youngs Boys/SUI), Cherif Touré Mamam (Metz/FRA), Thomas Dossèvi(Valenciennes/FRA), Alexis Romao (Louhans Cuiseaux/FRA), Adékambi Olufadé (Al Siliyah/QAT), Yao Junior Sènaya (YF Juventus/SUI) eShéyi Adébayor (Arsenal/ANG).

Atacantes: Robert Malm (Brest/FRA), Abdel-Kader Cougbadja (Guingamp/FRA/D2), Massamesso Tchangaï(Benevento/ITA/D4), Moustapha Salifou (Brest/FRA).


O time base deve ser: Agassa, Zanzan, Abalo, Nimbomé e Akoto; Salifou, Mattias, Mamam e Senaya; Olufade e Adebayor.

O destaque da equipe e estrela solitária é Adebayor, o único jogador do país com reconhecido prestígio internacional. Centroavante fixo com faro de gol, tem como principais armas a velocidade, a habilidade para proteger a bola, o arremate e o espírito coletivo. Defende o clube inglês Arsenal e foi o artilheiro das eliminatórias africanas para a Copa do Mundo, com 11 gols em 10 jogos.

E o ponto forte da equipe é justamente Adebayor. Já o ponto negativo, além do fraco time, já destacado, podemos apontar que Togo não tem experiência internacional.


CROÁCIA

"Vou surpreender a todos, tenho certeza de que ganharemos nosso Grupo". Esta é uma recente afirmação do atacante croata Suker ao jornal "Jutarnji list". É neste espírito que a Croácia espera repetir na copa do mundo o bom desempenho das eliminatórias.

E, para isto, o técnico Zlatko Kranjcar contará com os seguite s jogadores:

Goleiros: Tomislav Butina (FC Bruge/BEL), Stipe Pletikosa (Hajduk Split), Joseph Didulica (Áustria Viena/AUT).

Defensores: Robert Kovac (Juventus/ITA), Stjepan Tomas (Galatasaray/TUR), Dario Simic (AC Milan/ITA), Mario Tokic (Áustria Viena/AUT), Josip Simunic (Hertha Berlim/GER), Igor Tudor (Siena/ITA)

Meias: Jerko Leko (Dynamo Kiev/UKR), Jurica Vranjes (Werder Bremen/GER), Antony Seric (Panathinaikos/GRE), Niko Kovac (Hertha Berlim/GER), Marko Babic (Bayer Leverkusen/GER), Darijo Srna (Shakhtar Donetsk/UKR), Ivan Leko (FC Bruges/BEL), Luka Modric (Dynamo Zagreb), Niko Kranjcar (Hajduk Split)

Atacantes: Ivan Klasnic (Werder Bremen/GER), Ivan Bosnjak (Dynamo Zagreb), Bosko Balaban (FC Bruges/BEL), Ivica Olic (CSKA Moscou/RUS), Dado Prso (Glasgow Rangers/SCO).

A Croácia estréia na copa justamente contra o atual campeão e franco favorito ao título: Brasil. Na estréia, o técnico croata ameaça escalar três atacantes: "Por que não jogar com três atacantes contra o Brasil? Esta possibilidade não está excluída". O comandante croata pensa em utilizar três homens de frente para sufocar o Brasil. "Seria interessante se enfrentássemos o Brasil em um esquema com três atacantes. Eles são mágicos com a bola, mas podem provar do mesmo veneno". Desta forma, é um incógnita a escalação da Croácia. Uma provável escalação é: Butina, Robert Kovac, Simunic e Tomas; Srna, Tudor, Niko Kovac, Babic e Kranjcar; Prso e Klasnic.


Dado Prso é o principal astro da seleção da Croácia. Artilheiro em todos os clubes por onde passou, o atacante tem como principais características a facilidade no jogo aéreo e a finalização. Mesmo sem ter participado de nenhum Mundial, o atacante é um dos homens de confiança do técnico Zlatko Kranjcar. Nas eliminatórias para a Copa da Alemanha, marcou cinco gols em dez jogos.

O ponto forte da equipe é a defesa segura, que sofre poucos gols (levou cinco nas Eliminatórias). No entanto, como ponto fraco podemos destacar que o time não tem o talento de outras gerações, bem como pelo fato de Klasnic e Prso não fazerem tantos gols pela seleção, como por seus clubes.

Desta forma, a Croácia deve se classificar em segundo de seu grupo, tendo em vista os demais adversários, mas não deve passar das oitavas de final, quando deve pegar República Tcheca ou Itália.


BRASIL

Essa seleção todo mundo já sabe de tudo. Penta-campeã, quadrado mágico, Ronaldinho, preocupação com a zaga, laterais que precisam estar em forma, etc. Portanto, me limitarei a reproduzir uma coluna do Nélson Rodrigues falando sobre a final da copa de 62, em espceial sobre o Garrincha. É certo que são temos diferentes, mas, da mesma forma, é certo que ganharemos a copa do mundo se tivermos o mesmo espírito que Nélson Rodrigues aborda em sua coluna. Vamos ao texto:


O ESCRETE DE LOUCOS
Nélson Rodrigues




1 – Amigos, a bola foi atirada no fogo como uma Joana d’Arc. Garrincha apanha e dispara. Já em plena corrida, vai driblando o inimigo. São cortes límpidos, exatos, fatais. E, de repente, estaca. Soa o riso da multidão – riso aberto, escancarado, quase ginecológico. Há, em torno do Mané um marulho de tchecos. Novamente, ele começa a cortar um, outro, mais outro. Iluminado de molecagem, Garrincha tem nos pés uma bola encantada, ou melhor, uma bola amestrada. O adversário pára também. O Mané com 40 graus de febre prende ainda o couro.

2 – A partida está no fim. O juiz russo espia o relógio. E o Brasil não precisa vencer um vencido. A Tcheco-Eslováquia está derrotada, de alto a baixo, da cabeça aos sapatos. Mas Garrincha levou até a última gota o seu “olé” solitário e formidável. Para o adversário, pior e mais humilhante do que a derrota, é a batalha desigual de um só contra onze. A derrota deixa de ser sóbria, severa, dura como um claustro. Garrincha ateava gargalhadas por todo o estádio. E, então, os tchecos não perseguiram mais a bola. Na sua desesperadora impotência, estão quietos. Tão imóveis que parecem empalhados.

3 – Garrincha também não se mexe. É de arrepiar a cena. De um lado, uns quatro ou cinco europeus, de pele rósea como nádega de anjo; de outro lado, feio e torto, o Mané. Por fim, o marcador do brasileiro, como única reação, põe as mãos nos quadris como uma briosa lavadeira. O juiz não precisava apitar. O jogo acabava ali. Garrincha arrasara a Tcheco-Eslováquia, não deixando pedra sobre pedra.

4 – Se aparecesse, na hora, um grande poeta, havia de se arremessar, gritando: “O homem só é verdadeiramente homem quando brinca”. Num simples lance isolado, está todo o Garrincha, está todo o brasileiro, está todo o Brasil. E jamais Garrincha foi tão Garrincha, ou tão homem, como ao imobilizar, pela magia pessoal, os onze latagões tchecos, tão mais sólidos, tão mais belos, tão mais louros do que os nossos. Mas vejam vocês: de repente, o Mané põe, num jogo de alto patético, um traço decisivo do caráter brasileiro: a molecagem.

5 – O Hélio Pelegrino, que é poeta e psicanalista, dizia-me, outro dia: “O brinquedo é a liberdade!” E para Garrincha o brinquedo, no fim da batalha, foi a molecagem livre, inesperada, ágil e criadora. Varou os pés adversários, as canelas, os peitos. Não tinha nenhum efeito prático a sua jogada arrebatadora e inútil. Mas o doce na molecagem é a alegria insopitável e gratuita. E não houve, em toda a Copa, um momento tão lírico e tão doce.

6 – Amigos, ninguém pode imaginar a frustração dos times europeus. Eles trouxeram, para 62, a enorme experiência de 58. Jogaram contra o Brasil na Suécia, trataram de desmontar o nosso futebol, peça por peça. Toda a nossa técnica e toda a nossa tática foram estudadas, com sombrio élan. Sobre garrincha, eis o que diziam os técnicos do Velho Mundo: “Só dribla para direita!” Era a falsa verdade que se tornaria universal. O próprio Pelé parecia um mistério dominado.

7 – Após quatro anos de meditação sobre o nosso futebol, o europeu desembarca no Chile. Vinha certo, certo, da vitória. Havia, porém, em todos os seus cálculos, um equívoco pequenino e fatal. De fato, ele viria a apurar que o forte do Brasil não é tanto o futebol, mas o homem. Jogado por outro homem o mesmíssimo futebol seria o desastre. Eis o patético da questão: a Europa podia imitar o nosso jogo e nunca a nossa qualidade humana. Jamais, em toda a experiência do Chile, o tcheco, ou inglês, entendeu os nossos patrícios. Para nos vencer, o alemão ou suíço teria de passar várias encarnações aqui. Teria que nascer em Vila Isabel, ou Vaz Lobo. Precisaria de toda uma vivência de boteco, de gafieira, de cachaça, de malandragem geral.

8 – Aí está: no velho Mundo os sujeitos se parecem como soldadinhos de chumbo. A dessemelhança que possa existir de um tcheco para um belga, ou um suíço, é de feitio do terno ou do nariz. Mas o brasileiro não se parece com ninguém, nem com os sul americanos. Repito: o brasileiro é uma nova experiência humana. O homem do Brasil entra na História com um elemento inédito, revolucionário e criador: a molecagem. Citei a brincadeira de Garrincha num final dramático de jogo. Era a molecagem. Aqueles quatro ou cinco tchecos, parados diante de Mané, magnetizados, representavam a Europa. Diante de um valor humano insuspeitado e deslumbrante, a Europa emudecia, com os seus túmulos, as suas torres, os seus claustros, os seus rios.

9 – Vocês assistiam, pelo vídeo-tape, todos os matchs. O europeu aparecia com uma seca, exata objetividade, sem uma concessão ao delírio. Ele próprio se engradava dentro de um esquema irredutível. Ao passo que o Brasil faz um futebol delirante. Numa simples ginga de Didi, há toda uma nostalgia de gafieiras eternas. O nosso escrete era vidência, iluminação, irresponsabilidade criadora. Só a Espanha é que chegou a lembrar o Brasil. Seu escrete parecia passional também. Mas logo se percebeu a falsa semelhança. Os espanhóis têm uma paixão sem gênio, uma paixão burra. Chegaram a nos ameaçar, por vezes. Veio, porém, um sopro da Praça Sete, do Ponto de 100 Réis, e Amarildo, o possesso, encaçapou dois.

10 – Contra a Inglaterra foi uma vitória linda. Não tínhamos rainhas, nem Câmara de Comuns, nem lords-nelsons. Mas tínhamos Garrincha. E tínhamos Zagalo, o de canelas finíssimas e espectrais. E Nilton Santos, com a sua salubérrima eternidade. E negros ornamentais, folclóricos, como Didi, Zózimo e Djalma Santos. Logo se viu, entre o nosso craque e o inglês, todo um abismo voraz. O inglês apenas joga futebol, ao passo que o brasileiro “vive” cada lance e sofre cada bola na carne e na alma. Djalma Santos põe, no seu arremesso lateral, toda a paixão de um Cristo negro.

11 – E mesmo fora de futebol, o europeu faz uma imitação da vida, enquanto que o brasileiro vive de verdade e ferozmente. Ninguém compreenderá que foi a nossa qualidade humana que nos deu esta Copa tão alta, tão erguida, de fronte de ouro. E mais: foi o mistério de nossos botecos, e a graça das nossas esquinas, e o soluço dos nossas cachaças, e a euforia dos nossos cafajestes. Jogamos no Chile com ardente seriedade. Mas a última jogada de Mané, no adeus aos Andes, foi uma piada, tão linda e tão plástica. Na mais patética das batalhas, o escrete soube brincar. Esse toque da molecagem brasileira é que deu à vitória uma inconcebível luz.


ITÁLIA

A Itália, tri-campeã em copas do mundo, vem para a Alemanha na esperança de fazer melhor campanha do que o vexame de 2002, quando foi eliminada nas oitavas de final. Mas o ambiente italiano não é dos melhores. Isto, pois o país vive um escândalo de manipulação de resultados na primeira divisão do futebol italiano.


A Itália vem para esta copa com o seguinte plantel:

Goleiros: Gianluigi Buffon (Juventus), Angelo Peruzzi (Lazio) e Marco Amelia (Livorno).

Defensores: Gianluca Zambrotta (Juventus), Fabio Cannavaro (Juventus), Alessandro Nesta (Milan), Fabio Grosso (Palermo), Andrea Barzagli (Palermo), Cristian Zaccardo (Palermo), Marco Materazzi (Internazionale) e Massimo Oddo (Lazio).

Meias: Mauro Camoranesi (Juventus), Gennaro Gattuso (Milan), Andrea Pirlo (Milan), Simone Barone (Palermo), Daniele De Rossi (Roma) e Simone Perrotta (Roma).

Atacantes: Francesco Totti (Roma), Luca Toni (Fiorentina), Alberto Gilardino (Milan), Filippo Inzaghi (Milan), Alessandro Del Piero (Juventus) e Vincenzo Iaquinta (Udinese).


O time que deve estreiar no mundial, contra Gana, deve sofrer dois desfalques em relação ao time considerado base, já que Zambrotta e Nesta ainda se recuperam de contusões. Com Zacardo e Materazzi no lugar destes, respectivamente, a azurra deve ser composta por: Buffon; Zacardo, Materazzi, Cannavaro e Grosso; Pirlo, Camoranesi, Gattuso e Totti; Gilardino e Toni.

O destaque da equipe é meio campista Totti, é o ponto criativo da equipe ao lado de Pirlo, além de ser muito perigoso quando se aproxima da área. No entanto, em fevereiro o meia fraturou o perônio e rompeu os ligamentos do tornozelo esquerdo na vitória de 1 a 0 do Roma sobre o Empoli. Agora, o grande astro italiano corre contra o relógio para se recuperar a tempo de disputar a Copa. Sua ausência é muito preocupante para o técnico italiano, visto que Totti é um dos poucos jogadores ditos "fora de série" deste selecionado.

Contudo, mesmo com tudo conspirando contra a azurra - seja por conta de escandalos extra-campo, seja por conta de contusões de jogadores fundamentais ou maus resultados emn amistosos -, esta vem para a copa com toda sua tradição, sem falar que na tradicional superação italiana.

Olhando logicamente, a Itália tem poucas chances, mesmo porque deve enfrentar o Brasil nas oitavas de final, já que a Itália, tradicionalmente, não se classifica em primeiro de seu grupo. Porém, o futebol não é lógico, havendo a possiblidade deste país "surpreender" na Alemanha, como no México em 82.

quinta-feira, junho 01, 2006


PORTUGAL

Pelo incrível que pareça, esta é apenas a quarta participação de Portugal em copas do mundo (1966, 1986 e 2002). A seleção comandada pelo técnico brasileiro, campeão em 2002, Luiz Felipe Scolari chega embalada à copa do mundo após o vice-campeonato na EUROCOPA 2004, o que deu confiança para os jogadores e a torcida.

Os convocados de Portugal são:

Goleiros: Ricardo (Sporting), Quim (Benfica) e Paulo Santos (Sporting Braga).
Defensores: Miguel (Valencia/ESP), Paulo Ferreira (Chelsea/ING), Nuno Valente (Everton/ING), Caneira (Sporting), Fernando Meira (Stuttgart/ALE), Ricardo Carvalho (Chelsea/ING) e Ricardo Costa (Porto).
Meias: Deco (Barcelona/ESP), Petit (Benfica), Costinha (Sem clube), Hugo Viana (Valencia/ESP), Maniche (Chelsea/ING), Tiago (Lyon/FRA) e Figo (Internazionale/ITA).
Atacantes: Cristiano Ronaldo (Manchester Utd/ING), Helder Postiga (Saint-Etienne/FRA), Simão (Benfica), Boa Morte (Fulham/ING), Nuno Gomes (Benfica) e Pauleta (PSG/FRA).

O time base português é composto por Ricardo; Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Fernando Meira e Nuno Valente; Maniche, Costinha, Figo e Deco; Cristiano Ronaldo e Pauleta.

Os destaques da equipe são Pauleta, Deco e Cristiano Ronaldo.

Pauleta é o maior artilheiro da história da seleção portuguesa ao marcar, contra a Letônia, seu gol de número 42, ultrapassando o "Rei" Eusébio. Artilheiro nato, Pauleta tem vários recursos que podem ajudar, e muito, Portugal nesta copa, como bom cabeceio, chutes fortes de média e longa distância, bom posicionamento e bom arremate de curta distância.

O luso-brasileiro Deco será peça fundamental no meio campo português, dada sua capacidade de armar jogadas, bem como por seus fortes e precisos chutes de longa distância e a capacidade de marcar, rara em jogadores desta posição.

Por sua vez, Cristiano Ronaldo é uma grande promessa para esta copa do mundo. Certamente o jogador mais habilidoso e atrevido de Portugal, tem a capacidade de desconcertar seu marcador e defesas inteiras com seus dribles e velocidade. Será importante para sua seleção para abrir espaços nas grandes retrancas que devem marcar este mundial.

Analisando as chances de Portugal na copa do mundo, tenho que reconhecer que acredito muito no time português. Vejo Portugal como favoritíssima ao título, em especial por ser regido pelo "copeiro" Felipão. Acho que Felipão dará uma unidade a este time e alternativas ofensivas. Jogadores de qualidade Portugal tem, como já ficou provado na EUROCOPA-2004 e nas eliminatórias, bastando agora reunir estes jogadores em um grupo coeso - o que é especialidade de Scolari. No entanto, Felipão merece atenção apenas quanto a um aspecto, a saber: a variação das jogadas ofensivas. Isto, pois a seleção portuguesa é muito dependente de Pauleta para fazer os gols. Talvez a participação mais ativa no ataque e mais próxima à área de Deco, Figo e Cristiano Ronaldo possa ser a solução para este problema apontado.


MÉXICO

O México vem para sua 13ª copa do mundo com a esperança de fazer sua melhor campanha em mundiais - até então a melhor colocação que o México atingiu foi o sexto lugar nas copas de 70 e 86, oportunidades que foi a sede da copa. Um incentivo para isto foi a escolha, pela FIFA, do México como cabeça de chave, que acabou dando sorte no sorteio dos grupos por ficar num grupo com Angola, Irã e Portugal. E tal escolha se deve ao 4ª lugar ocupado no ranking da FIFA (mesmo sendo mais um dos exageros deste ranking), além, e principalmente, pelo desenvolvimento, ao longo dos anos, do futebol no México - prova disto são recentes e reiteradas vitórias sobre o Brasil, como na Copa das Confederações de 2005.

Os convocados do México para esta copa são:

Goleiros: Oswaldo Sanchez (Guadalajara), Jesús Corona (Tecos) e Guillermo Ochoa (América).
Defensores: Rafael Márquez (Barcelona/ESP), José Antonio Castro (América), Andrés Guardado (Atlas), Ricardo Osorio (Cruz Azul), Claudio Suárez (Chivas USA/EUA), Carlos Salcido, Francisco Rodríguez, Gonzalo Pineda (Guadalajara), Mario Méndez (Monterrey).
Meias: Pavel Pardo (América), Rafael García (Atlas), Gerardo Torrado (Cruz Azul), Ramón Morales (Guadalajara), Luis Pérez (Monterrey) e Antonio Naelson (Toluca).
Atacantes: Jared Borgetti (Bolton/ING), Omar Bravo (Guadalajara), Jesús Arellano (Monterrey), Guillermo Franco (Villarreal/ESP) e Francisco Fonseca (Cruz Azul).

O time base mexicano é composto por Sanchéz; Rafa Márquez, Salcido, Méndez e Rodríguez; Morales, Torrado, Pardo e Pineda; Fonseca e Borghetti.

Os destaques da equipe são Rafa Márquez e Borghetti. Márquez é um defensor elegante, leal e preciso, e, atualmente, o jogador de maior notoriedade do México. Já Borghetti, com 37 gols em 72 jogos pela seleção, não é só titular absoluto no ataque mexicano, mas o goleador máximo da história da seleção. Apesar de não contar com grandes recursos técnicos, Borgetti se impõe como artilheiro da equipe por suas qualidades como cabeceador nato, com 1,85 m e por seu oportunismo. Nas eliminatórias da Copa do Mundo de 2006, Borgetti fez 14 gols nas em dez jogos. Em que pese a fragilidade da maioria dos adversários, foi o maior goleador das eliminatórias no mundo. O atacante também foi o artilheiro da seleção na Copa de 2002, com dois gols, e na Copa das Confederações de 2005, deixando sua marca em três oportunidades.

Merece destaque, ainda a novela mexicana que se tornou a não convocação do jogador Blanco pelo técnico La Volpe. Sob protestos da população dignos do Brasil em tempos em que Romário jogava futebol, o técnico da seleção mexicana deixou de convocar seu desafeto - que é tido por muitos como maior idólo mexicano após a aposentadoria de Sanchez, além de melhor jogador do México nas duas copas passadas. A novela iniciou-se quando Blanco abandonou a seleção mexicana antes da Copa das Confederações do ano passado, dizendo que precisava descansar, ele foi chamado apenas uma vez por La Volpe. Mas, mesmo antes de o argentino assumir a seleção do México, em 2002, já havia especulação sobre o relacionamento de La Volpe com Blanco. Os dois tiveram vários conflitos quando se enfrentaram em clubes adversários. Blanco estava em excelente forma na segunda metade do ano passado, mas envolveu-se em tumulto público com La Volpe, dizendo que o técnico não tinha coragem para convocá-lo. No entanto, o jogador perdeu a forma e sofreu uma série de contusões neste ano, o que enfraqueceu sua posição.

Analisando as chances do México na copa do mundo, temos que a pretensão dos mexicanos em chegar às semi-finais não é nada absurda, haja vista o progresso do futebol mexicano, já destacado. Contudo, fico com opinião do ator, escritor e produtor Roberto Gómez Bolaños (sim!!! o chaves!) de que o México deve ser eliminado nas oitavas de final por um time do chamado grupo da morte (Argentina, Costa do Marfim, Holanda e Sèrvia e Montenegro). Segundo Bolaños, o México deve se classificar em segundo de seu grupo, o que, segundo seus cálculos, enfrentaria a Holanda - favorita ao título para o ator. Endosso as palavras de Bolaños, com exceção da colocação da Holanda no grupo e o excesso de favoritismo depositado nesta seleção, mas, em suma, o México, segundo meu entendimento, deve ficar, mais uma vez, pelas oitavas de final da competição.